SUSTENTABILIDADE

Working Paper Nº07

Série: “COMO MELHORAR O NOSSO MUNDO”

Nos últimos tempos este tema tem ocupado amplo espaço na mídia, nas escolas de formação de executivos e nos temas relacionados ao meio ambiente. Por isso fiquei na dúvida sobre se deveria enfrentar o desafio de abordar o tema sem cair na repetição do obvio e já exaustivamente tratado.

Mesmo assim, quero contribuir com a minha abordagem, e percepção do momento que estamos vivendo no Brasil e no mundo. Como se trata de assunto complexo e seguindo princípios de Descartes, dividirei a abordagem em partes, sendo a primeira relativa à sustentabilidade no lar e na família. Como segunda parte abordar a sustentabilidade nas empresas. Em terceiro lugar vamos falar sobre o meio ambiente, sustentabilidade e governança com responsabilidade social dos governantes e por últimos estabelecer uma interdependência entre os temas e falar sobre a construção de valores na sociedade que permitam visualizar um mundo melhor para nossas futuras gerações.

Começamos com sustentabilidade no lar e com a família. Contemplamos a questão da educação, da influência do lar e da influência das experiências vivenciadas pelos membros do grupo familiar mais íntimo. Cabe ao chefe da família o papel de estabelecer alguns princípios que são básicos, como providenciar sustento para seus membros enquanto incapacitados de obter os recursos de subsistência e garantir saúde e estabilidade mediante relacionamento harmónico entre todos os membros. Nos princípios básicos introduzir também o respeito ao meio em que vive, o respeito aos outros que estão fora da família e princípios de ética e de moral, com a consciência de que somente parte destes ensinamentos podem ser ministrados no seio da família. Para ser possível este papel e necessário que o chefe de família seja muito consciente de seus próprios atos e atitudes.

Ainda no seio da família outros aspectos estão relacionados ao exemplo com a sustentabilidade da casa, onde deve haver a necessária separação dos vários tipos de resíduos para facilitar o seu aproveitamento ou descarte, o uso dos orgânicos para manter uma esterqueira natural de produção de adubos e incluso utilizar energia solar para o aquecimento da água da residência. Todas estas medidas são importantes para a preservação conservação e reciclagem.

Falta ainda mencionar que é preciso algum tipo de pensar no futuro com respeito à própria sustentabilidade na medida em que com idade avançada somos impedidos de trabalhar e produzir bens. Assim e preocupados com o futuro precisamos criar reservas que nos permitam a subsistência sem dependência e desta forma garantam a sustentabilidade pessoal.

Sobre a sustentabilidade nas empresas trata-se em primeiro lugar de um problema financeiro, de controle das autoridades e de criação de condições favoráveis para se evitar que as empresas poluam o ar, os rios e produzam sem consciência ambiental. Cabe também às empresas tratar de que seus funcionários sintam a sua responsabilidade e contribuam para manter ambientes saudáveis e não contaminados para seus funcionários.

Um exemplo que vivenciei foi na cidade de Genebra na Suissa, onde foi criado fora da cidade um distrito industrial onde foram obrigados a se transferir as empresas poluentes da cidade. No caso que vivenciei era uma empresa que trabalhava com tintas e poluía o ambiente. Para facilitar a transferência das empresas as autoridades tinham adquirido a região onde se instalaria esse centro industrial oferecendo gratuidade de espaços por tempo limitado e obrigando a investir em novas instalações.

Outro exemplo e neste caso oposto ocorre na cidade de São Paulo, onde os rios que circundam a cidade estão poluídos e apesar dos esforços e investimentos feitos e das melhorias de suas margens, ainda muitas empresas continuam despejando detritos e produtos poluentes em suas margens. Eles poderiam ser navegáveis e se tornar locais de turismo com barcos e com a recuperação da natureza. Para isto ser possível seria necessário existir adequado sistema de controle, o que tem normalmente sido negligenciado pelas autoridades. Apesar de exposto de maneira simples, o problema da poluição das empresas é complexo pois implica em manter a capacidade competitiva, implica em custos e na atitude do setor industrial que agrupa empresas de atividade semelhante.

Passamos então a tratar do meio ambiente, da sustentabilidade e da governança necessária. Como percebemos sem controle e acompanhamento das ações poluentes dificilmente o problema será erradicado.

E preciso existir órgão fiscalizador adequadamente capacitado para exercer esta função e exigir a tomada de medidas corretivas.

Entidades da sociedade civil tem se mobilizado para a preservação da natureza e constituem a esperança de melhoria das condições ambientais. O movimento Mata Atlântica e muitas outras entidades merecem nosso apoio e respeito.

Mesmo assim e desde 2019 tem se iniciado um crescimento desmesurado de desmatamento principalmente nos estados de Amazonas e Pará sem controle e até com descaso das autoridades.

O que tem prevalecido no país nos últimos anos foi um avanço extraordinário na tecnologia, nos meios de comunicação com os Iphones, ipads e recursos informativos em escala nunca vista anteriormente. Por outro lado, ainda existe o caudilhismo, o abuso, e o não respeito às leis permitindo que se destrua gradativamente as matas não somente na região amazônica, mas também nas diversas regiões e busca da extração desenfreada de recursos naturais sem uma ação cognitiva à altura das necessidades, continuaremos o percurso da destruição até que seja tarde demais para recuperar as florestas e manter a vida num equilíbrio ecológico.

Os vários sistemas interligados permitem visualizar que a falta de governança e controle estimula a ação do desmate e que isto e relacionado com o fato das regiões exploradas são comandadas por meio da violência, assassinato e amedrontamento dos movimentos que com poucos recursos tentam evitar a propagação das ações criminosas, porém sem sucesso.

Nosso país não é o único responsável por manter o equilíbrio climático, nem único responsável por serem observados glaciares derretendo. Esta tarefa cabe à humanidade como um todo e claramente afeta interesses individuais ou de regiões, mas se trata de ações para conservação dos recursos para as futuras gerações que irão perceber o desinteresse demostrado na atualidade para a conservação e equilíbrio ecológico’

Um dos exemplos mais dramático que estamos vivendo nestes anos é o do aquecimento global com temperaturas se elevando e afetando a saúde das pessoas.

Assim como na família temos a reponsabilidade do sustento e da sustentabilidade, também nas regiões, nas comunidades e nos países temos a responsabilidade aumentada e o fato de não sermos os únicos responsáveis, não nos exime da obrigação de fazer a nossa parte para o global, acima dos interesses eleitoreiros ou demagógicos momentâneos.

Na década de 1960 já existiam movimentos defendendo a sustentabilidade para combater o desmatamento e que provoca mudanças ambientais. Em 1972 em Estocolmo, na Suécia, a ONU realiza a primeira grande conferência sobre o meio ambiente com participação de 113 países e muitas organizações ambientais.

Na década de 70 é criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Na década de 80 grupos intergovernamentais se junta para realizar estudos científicos e propor soluções uma vez que ficou claro o efeito estufa provocando mudanças climáticas. Em 1992 na ECO Rio de Janeiro intensifica-se a pressão para reduzir os poluentes no planeta. Em 2002 na cidade de Johanesburgo, África do Sul, ocorre nova cúpula mundial para discutir a preservação dos recursos renováveis. Mais tarde em 2015, em Paris os países signatários se comprometem a limitar o aumento da temperatura até o ano 2100.

Em 2021 se realiza a Conferência COP-26 em Glasgow na Escócia. Assim o mundo tem se mobilizado em ONGs ambientais e em mobilizações internacionais. Apesar destes esforços todos a sensação que prevalece com as queimadas constantes em diversas partes do globo é que o processo de contaminação, de desgelo e de mudanças climáticas não foi solucionado.

Muitas reuniões, encontros e Conferências, mas parece que interesses específicos atuam para desestabilizar o meio ambiente sem levar a sério as consequências para a civilização

Uma das grandes justificativas está centrada no desenvolvimento promovendo melhora de vida para as pessoas locais.

Existem muitas formas para atender às necessidades da população, mas a forma escolhida está longe de ser adequada.

Para começar as ações de desmatamento, garimpo e exploração da madeira, por sua vez, atrai as populações desde distâncias, e promove o adensamento, o que termina criando necessidade de continuidade deste processo. No lugar o investimento do governo deveria ser alocado â criação de empresas sustentáveis, em lugar de liberar para empreendimentos ilegais ou criar núcleos de desenvolvimento com tecnologias limpas. Isto sem provocar migrações para regiões reservadas a florestas ou às tribos indígenas cuidadosas do meio em que vivem.

Concluo que se trata de problema complexo não somente do Brasil, mas de toda a humanidade e que o perigo da continuidade do descaso, e com a falta de percepção do grave problema comprometerá o futuro do planeta. Portanto cabe a cada um e a todos a responsabilidade de assumir o seu papel, mesmo que micro, contribuindo para a preservação da terra em que habitamos.

Antes de terminar acrescento a necessidade de sustentabilidade do país. E logico pensar que assim coma família, o município, o estado e o país precisam encontrar o caminho da estabilidade e da sustentabilidade. Como extrapolo as minhas vivencias e experiências, o meu foco está na política e na economia. Fica muito bonito e próprio para discursos de candidatos promover distribuição de renda. Significa eliminar as dificuldades que a pobreza gera em muitas famílias oferecendo recursos. Também e logico pensar que antes e preciso gerar estes recursos. A geração e obtida de várias formas, mas depende muito de como os recursos gerados são aplicados. Desde a fundação da cidade de Brasília para ser a sede do governo houve o crescimento desmesurado da máquina do estado e do consumo de recursos com privilégios e com os maiores salários do Brasil.

Enquanto perdurar esse carnaval no uso dos recursos gerados, distribuir será pela custa de endividamento, de inflação ou de cancelamento de investimentos em infraestrutura necessária, pela falta de recursos. Por isso para se obter a sustentabilidade a nível macro e preciso a energia e coragem de medidas que descontinuem o momento atual. A criação dos anexos dos ministérios é o símbolo do crescimento da burocracia governamental se expandindo desde a criação de Brasília. Desejo e espero surgimento de candidatos que tenham esse espírito de alterar o status quo e que estejam dispostos a mudança profunda. Bolsonaro prometeu na sua campanha que faria isso mais as promessas não se concretizaram. Entendo que a máquina instalada [e poderosa e que irá resistir as tentativas, mas não vejo outra alternativa a não ser apresentar propostas serias e confiáveis para que o país volte a crescer de forma saudável ou seja também sustentável.

Não será uma tarefa fácil e terá que ser iniciada logo nos primeiros meses de um novo governo. Temos esperança de que na votação de outubro sejamos capazes de escolher adequadamente um governo sério e competente com visão de longo prazo e menos preocupado com reeleição e com agradar a todos.

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