O FUTURO E A FUTUROLOGIA

ENSAIO Nº 11

O tema do futuro esteve muito presente em minha vida profissional enquanto me especializava em Estratégia, porque as estratégias partem do presente e analisam as oportunidades e ameaças do ambiente para planejar o futuro. Pensar no futuro, e se preocupar com ele, e imaginar o que pode acontecer, mas especialmente determinar um futuro possível de se realizar, e se preparar para construi-lo. No mundo atual, começamos observando o presente, tentamos entender quais são as tendências para pensar no futuro.

O mundo atual
Nosso mundo, vive momento de turbulência econômica, geopolítica e instabilidade. Os detalhes desta afirmação, estão nos conflitos tanto latentes, como nos conflitos armados, e guerras regionais. Os conflitos latentes se manifestam nos discursos agressivos do Iran contra o Ocidente, na rivalidade da China e sua aliança com Rússia contra os Estados Unidos, na intenção da Venezuela sobre território da Goiana, e em muitos outros casos que apresentam tensões entre países.

Temos a guerra em Gaza contra o Hamas, e não contra o povo palestino oprimido numa ditadura, com suas consequências lamentáveis de ambos os lados, a invasão da Ucrânia pela Rússia, e os alinhamentos políticos, em defesa de um ou de outro lado do conflito, e das beligerâncias latentes, se definem as posturas ideológicas dos participantes.

Nas tendências atuais, nota-se ainda, o trabalho ser parcialmente realizado desde casa, movimentos migratórios, buscando melhores condições de vida, e buscando lugares que oferecem maior segurança. Verificamos também o aumento da violência, e da criminalidade, cada vez mais organizada, em grupos estruturados e poderosos, usando recurso do tráfico de drogas. Nas camadas pobres observamos o empobrecimento, a desnutrição, e a falta de perspectivas para o futuro, e nos governos observamos a gestão em benefício dos individualistas de plantão, sem planos de futuro para as populações. Numa classe média mais acomodada, notamos dedicação ao esporte, a busca por escolas de bom nível no exterior para os filhos, a criação de cães e gatos como filhos, e até a migração para países como Portugal e Uruguai, que oferecem facilidades, e trabalho melhor remunerado que no Brasil, e mais segurança.
Nos bancos, e nas classes mais abastadas, sempre alinhadas com o poder, a situação permanece relativamente tranquila, com ganhos sendo mantidos, e sem ameaças no curto prazo, se bem que a falta de uma direção econômica saudável, gera incertezas e também representa ameaças para o futuro.
Ambientes politicamente incertos, são menos atrativos para investimentos.

Contudo a maior instabilidade do mundo atual está na política, e no rumo a seguir, com tendência manifesta de agradar regimes totalitários, e ditaduras como a China, a Rússia, a Venezuela e o Iran.

Enquanto isso, nos hábitos familiares o tema do gênero passou a ser aceito como é, sem questionamento, o casamento e a constituição de família se tornou menos frequente, e mais tardio, as famílias menos numerosas, e as pessoas passaram a viver mais anos, aumentando o ônus de uma população idosa. no mundo. Somente ideologias extremistas mantem famílias numerosas, e com isso a Europa está cada vez mais sentindo os efeitos da imigração, e dos costumes trazidos pelos imigrantes islâmicos, e também famílias judias ortodoxas, mantem a proibição de evitar filhos, e criam famílias numerosas, que aumentam o poder destas culturas, sobe a sociedade em geral.

Como vimos em artigo anterior, vivemos o incremento de moradores de rua, e também assistimos ao grande número de cidadãos, recebendo auxilio para se manter, e deixando de trabalhar prematuramente, porque viver do auxilio e compensador.

As desigualdades sociais permanecem e não existe nenhuma perspectiva de mudança.

Os governos recorrem a medidas, como isentar de impostos os alimentos da cesta básica, outra forma assistencial e positiva, porém sem perspectiva de planos de maior alcance, e como medidas demagógicas, mostrando preocupação, com os menos favorecidos.

Infelizmente também o mundo se recente, de falta de líderes visionários, de estadistas, e que tenham objetivos claros para futuro.
Como consequência de todo o momento atual, e da inercia, e do poder da criminalidade, a destruição da natureza, e tratamento dado ao nosso planeta, deixam muito a desejar, e não existem forças suficientes para mudança de rumos, buscando a conservação e o melhoramento do ambiente, do clima, e das tempestades, cada vez maiores, assim como o esquentamento das calotas polares, com suas enormes consequências.

Sem dúvida todos os problemas atuais, e o futuro que desejarmos, dependem de se abandonar a indiferença das pessoas, que são a maioria, e que deixam que minorias estruturadas as dominem, e ditem o caminho do futuro.

Neste cenário atual, é possível se pensar em um futuro melhor? e possível sequer pensar em futuro?
Todos os estudos voltados ao futuro partem do momento atual, e também de uma análise de onde viemos, observando o que têm acontecido nos últimos anos, verificando conquistas e perdas no período, sendo que alguns não conseguem se desligar do hoje.

Em um seminário que fiz para um grupo de 35 empresários no Peru, em Lima, tinha surgido a questão de quem será o futuro presidente, e os participantes tinham definido fortemente duas possibilidades. Terminado o debate afirmei que muito possivelmente, não aconteceria nenhuma das duas, porque quando existe muita certeza em determinados cenários, não se consideram as surpresas que podem ocorrer. Algum tempo depois, o antigo presidente deu um golpe com os militares e assumiu o poder, sendo uma alternativa não prevista. Eles acreditaram que eu tinha alguma informação desconhecida, e me convidaram a voltar para o Peru, o que declinei. Igor Ansoff dizia que a única coisa certa, das previsões de futuro, e que não vão acontecer, como pensado, por causa dos imponderáveis.

Mas se esta afirmação é verdade, devemos deixar de pensar no futuro? Claro que não, porque precisamos definir o que queremos e lutar por isso, e nos imaginar inseridos nesse futuro desejado. A minha recomendação era sempre se preparar para o pior cenário, porque assim, em todos os cenários estaremos garantidos.

Em alguns cenários elaborados por equipe da FEA USP eram sempre apresentadas três opções: uma otimista, uma pessimista, a uma realista, na expectativa de uma delas terminar se efetivando. Este procedimento, se válido, não assume responsabilidade, e coloca todas as opções para o leitor escolha com qual se definir.

Em outras ocasiões se projeta o futuro, com percentagens de probabilidade de vir a acontecer, assumindo esta posição.
Uma das atividades mais importantes do trabalho com o futuro é analisar cuidadosamente, quais são as tendências que se verificam.
Como exemplo no mundo da tecnologia, a tendência é o desenvolvimento da inteligência artificial, e seu impacto na saúde, na educação e na vida das pessoas, obrigando a se manter atualizado.

A observação cuidadosa dos sinais fracos, e outra atividade fundamental para não errar, como ocorreu por Israel não perceber o que acontecia em Gaza.
Ninguém antecipou que a Rússia atacaria a Ucrânia, apesar das inúmeras ameaças que antecederam a invasão.
Análise das tendências, e a percepção dos sinais fracos, são muito importantes nos exercícios de futurologia, porque permitem um posicionamento em tempo.
Mas é muito importante a escolha do caminho a seguir, a nível profissional, a nível pessoal, e a ambição humana, que nos move em direção a um futuro desejado, precisa definir as prioridades e o direcionamento que queremos seguir e agir.

Recentemente li um livro cujo título é O Animal Social de Elliot Aronson, dedicado à psicologia social. Nele analisa o comportamento humano, e explica o porque existe maldade e bondade, sendo ambas, parte da natureza agressiva ou bondosa, na busca da destruição ou do amor. Assim procuramos entender, mas não justificar, o Hamas e outras atividades terroristas. Se nos detemos para observar as tendências, a rivalidade entre países continua.
Se olhamos as desigualdades sociais, muito pouco tem mudado, e as tendências são de continuidade. Se observamos o crescimento da violência urbana, só tem piorado, e não há perspectivas de melhora. Sabemos que pretender predizer o futuro, não é uma tarefa fácil e que pode depender do capricho e das vontades dos poderosos.

A nível de governo, criou-se dependência, do assistencialismo e pode indicar a necessidade de uma mudança de atitude, fomentando a criação de postos de trabalho, e investindo na preparação técnica de profissionais que possam assumir as novas funções.

O mundo desejado

Todas as alternativas de futuro, estão disponíveis, dependendo da vontade e capacidade dos dirigentes de construir melhorias. Vamos arriscar e mencionar que futuro, gostaríamos seja criado, para as futuras gerações.
No nível macro, e partindo das tendências atuais, ficamos preocupados com o enfraquecimento dos regimes democráticos, e o surgimento de ditaduras, com líderes que pretendem se perpetuar no poder. Contra esta tendência momentânea, desejamos o fortalecimento dos regimes democráticos, que preservam as liberdades.


Outra importante preocupação é com as guerras que tem se sucedido no mundo. Mas outros conflitos, não menos importantes tem ocorrido, quase que ininterruptamente, com perda de vidas, e consumo de armas letais, promovendo arsenais, e consumindo recursos, que deveriam ser canalizados para melhorias na educação e saúde. Como exemplo o grupo Hamas canalizou recursos assistenciais, recebidos de muitos países, visando atender a população de Gaza, e usou estes recursos para construir inúmeros túneis, e se fortificar militarmente com a intenção de exterminar Israel. Se os recursos tivessem sido utilizados para construir, para melhorar o sistema viário, ou para eliminar a pobreza, o nível de vida da população de Gaza, teria atingido um padrão muito superior.
Esse desgaste contribui para o empobrecimento, com perda de vidas, e motivados por uma ideologia de destruição.
Desejamos um mundo sem guerras, e com investimentos na melhoria da vida, do ecossistema e voltando a considerar sacra a vida no planeta, e a respeitar a natureza e a terra.


Desejamos o respeito a raridade da vida no universo. E à diversidade.
O exemplo de Costa Rica, que não possui exército e investe na conservação da natureza deveria ser seguido por muitos outros países.
Fica claro que duas tendências que se verificam, e que já se encontram em andamento são a da indústria poderosa de armamentos, com seu lobby igualmente ativo, junto aos orçamentos militares, e que tem se empenhado em desenvolver novas, e mais sofisticadas armas para utilizar em conflitos de seu interesse. Por outro lado, também fica claro que outra indústria poderosa é a indústria do tráfego de drogas, super organizada, e até militarizada, que fomenta o uso de entorpecentes, entre as diversas camadas das populações, e atua no submundo da marginalidade, e da violência.


A nível específico do Brasil, gostaríamos de uma política externa menos voltada ao estímulo a ditaduras, e mais equilibrada, que foi sempre a tradição do Brasil. Com relação ao desenvolvimento de um futuro promissor, e a melhora do nível de vida, primeiro lugar destacamos erradicação do analfabetismo, mediante educação para valer, e não apenas para receber o bolsa família.


A segurança das pessoas deve ser preservada, e para isso em primeiro lugar, oferecer trabalho digno, estimular investimentos que geram emprego, investir em pesquisa que auxilia nos melhoramentos tecnológicos, e reduzir o tamanho das estruturas burocráticas, e de empreguismo, por estrutura eficazes, e que realmente contribuem. Menos Brasília, mais Brasil, menos partidos políticos e menos ministérios.


Fome zero, e redução da pobreza. Investimentos em infraestrutura, onde o Brasil se encontra distante das potencias econômicas. Melhorar o índice de desenvolvimento. O Brasil é considerado a décima potência econômica, mais se encontra entre os últimos países com maior nível de desigualdade social.
Para tudo isto que gostaríamos, é preciso planejar com FOCO, ou seja, determinar quais são as prioridades, e colocar em prática.


Mudar mentalidade de governar dando que se recebe, para governar com espirito de estadista, focando em metas alcançáveis, e atingi-las. Por último e não menos importante: CONSERVAR OS ECOSSITEMAS, A NATUREZA E A VIDA EM SEUS MULTIPLOS ASPECTOS.
Fica então a pergunta aos leitores: QUE BRASIL GOSTARIA DE TER, E QUE MUNDO ESPERAR???


Luis Gaj

Reflexões sobre a pergunta: "Que Brasil gostaria de ter e que mundo esperar"

Miriam:

Ficaria muito feliz se o país estivesse cumprindo o artigo 6° da Constituição onde assegura que Saúde, Educação e Segurança são deveres do Estado.
Teríamos uma educação pública de qualidade e seríamos cidadãos com bom nível cultural, preparados para enfrentar a vida profissional. Consequentemente estaríamos bem empregados e com remuneração digna. Com uma população estudada e formada haveria pouco espaço para delinquentes e não teríamos receio de andar pelas ruas, nem teríamos tanta ansiedade pela falta de segurança, aliviando o sistema de Saúde.
Teríamos um SUS bem estruturado com equipe adequada para atendimento de todos. Já ficou provado que os hospitais públicos têm os melhores médicos, pois só ingressam depois de rigorosa seleção.
Escrevendo este texto notei como uma questão depende da outra: boa educação gera bons cidadãos, que gera qualidade de vida, que gera melhor saúde física e mental.
E a vida seria agradável neste país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, plagiando a música de Gilberto Gil.
O Brasil é um país privilegiado pela Natureza!

Quanto ao mundo, se não atentarmos para a gravidade da crise climática, no embate com a Natureza nós vamos perder, porque somos parte da Natureza mas não seus donos. As enchentes do Rio Grande do Sul nos mostrou que a Natureza é mais forte que nós. Se nada for feito além dos discursos, nossa civilização está caminhando para o fim.
“A Humanidade não se comportou”

Agradeço Luis e Eva por estar aqui com vocês.
Abraços!!

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