ARTE NA VIDA, NA SAÚDE E NA VELHICE

Ensaio Nº 05

O momento atual

Vivemos numa época de grandes descontinuidades políticas e econômicas no mundo pós-guerra fria. Artigo recente de Thomas L. Friedman chamou a minha atenção, e foi publicado no “The New York Times” e reproduzido no jornal “O Estado de São Paulo” no dia 5 de outubro, ou seja, dois dias antes do ataque surpresa do Hamas a Israel. Neste artigo menciona quatro líderes, e um mundo virado ao revés. Resumindo, esses quatro líderes são: Putin, que para se manter no poder, mudou de postura e invadiu a Ucrânia, Xi Jimping, que acreditando no enfraquecimento do partido comunista chinês, passou a concentrar maior poder nele mesmo, e a fechar a China, mudando normas, Trump que será muito provavelmente o candidato dos Republicanos na próxima eleição, e com grandes chances de vencer, e que levará também a concentrar esforços internos em detrimento do resto do mundo, e Netanyahu, que acusado de corrupção, mudou leis sobre a justiça, evitando ser julgado, e se aliou a grupos radicais religiosos para se manter no poder, na pretensão messiânica de um pais grande, como menciona Yuval Noah Harari, autor do livro “Sapiens”. A estes podemos acrescentar ainda o fenômeno Milei na Argentina, que é um radical de direita, que pretende grandes mudanças, e que é resultado do fracasso econômico da política da esquerda no país.

Friedman, antes do início da invasão do grupo terrorista Hamas a Israel, motivado para impedir o estreitamento das relações entre Israel e Arábia Saudita, entre outros motivos, chamou a atenção sobre o enfraquecimento da defesa de Israel pela divisão interna, e onde ocorriam protestos contra Netanyahu.

Neste contexto mundial cabe mencionar a posição dúbia do governo no Brasil com relação a este conflito ao não declarar abertamente o seu repúdio ao grupo terrorista.

O grupo Hamas e a sua ação em território de Israel, são similar aos atentados de Pearl Harbor, às torres gêmeas em New York e ao atentado, anos antes, contra o prédio da AMNIA em Buenos Aires, que Cristina Kirchner terminou acobertando e não condenando

O radicalismo religioso implantado no Iran, e propagado para grupos como o Hamas, possui uma forte convicção, que é desenvolvida desde terna idade, de ódio aos infiéis, sendo estes, todos os que não acreditam ou não professam a fé deles. Trata-se de extremistas que pregam a barbárie que ameaça a humanidade, e espero que a China assuma um papel moderador, neste conflito de maior potencial. Não existe nenhuma outra religião que mande matar infiéis para atingir o paraíso. Muçulmanos moderados e civis, entendem que para viver neste mundo, é preciso respeitar realmente a todas as crenças. Tentar Impor uma única religião no mundo e o mesmo que destruir a convivência, e promover o fim do mundo, o caos total, e a destruição.

Um amigo que esteve no Iran em 1992 relata que o hotel internacional onde se hospedou tinha sido encampado pelo Iran dos Aiatolás, e logo na entrada tinha cartaz que dizia: morte aos judeus e aos americanos, e havia dois capachos para limpar os pés, um com a bandeira americana, e o outro com a bandeira de israel. O ódio tem sido propalado de longa data, e pode ser comparado a supremacia da fé, com a supremacia da raça, que foi implantada a partir de 1933 na Alemanha nazista com Hitler no poder.

Quando os americanos jogavam folhetos para que civis saíssem de áreas a serem bombardeadas na França, quase no fim da segunda guerra mundial, os nazis que ocupavam ainda a região, impediam que os civis saíssem e se quisessem sair eram metralhados., da mesma forma que o Hamas fez em Gaza. O grande tema que4 esperamos seja logo resolvido é sobre a liberação dos civis reféns, que foram sequestrados e sem precondições. No entanto Israel teve que ceder e aceitar negociações parciais. Percebemos então que a preparação bélica do Hamas surpreendeu, e foi muito maior do se se podia supor, bem vizinha de Israel e sem as autoridades perceber.

Naturalmente a preservação de vidas de ambos os lados deve ser sempre respeitada e desejamos que a paz, seja logo atingida na região.

Arte na vida

Neste ambiente tenso de guerra contra o Hamas, e não contra o povo palestino, e de continuação da guerra na Ucrânia, tomo a liberdade de escrever sobre um tema também descontinuo, numa espécie de introspecção, meditando sobre o ponto de vista, que tudo que fazemos carrega conteúdo de arte.

Começamos então sobre a arte na vida. Escolher o que fazer na vida é uma arte, e no trabalho especialmente conseguir fazer o que gosta e ter prazer com isso, considero também como uma expressão da arte.

Evoluindo na vida, tomamos contato com duas artistas famosas que acabaram constituindo amizades. São elas a Fayga Ostrower, falecida anos atrás, e a Ines Benou com quem continuamos ótimo relacionamento. Da Fayga adquirimos muitos quadros que enfeitam e enriquecem nossas paredes, assim como também muitos quadros da Inês, e que são muito apreciados em suas diversas fazes criativas. A Fayga escreveu também um livro muito bom sobre “Criatividade e Processos de Criação” que lemos em várias ocasiões. Temos apreciado também trabalhos de Vasarely, de Volpi, de Rico Blass, e também deles temos quadros espalhados em nossas paredes. Durante a nossa vida tentamos também visitar lugares onde se aprecia a música clássica e assim tivemos oportunidade em várias ocasiões, de assistir a concertos na cidade de Salzburg onde é realizado um famoso festival musical e onde tivemos a chance de apreciar obras de Mozart entre elas “Eine Kline Nacht Music”. Em outra ocasião durante um evento da Strategic Management Conference, estivemos em Berlim, onde nas primeiras filas de grande auditório, assistimos a apresentação da Quinta Sinfonia de Beethoven, numa performa verdadeiramente emocionante.

Nos últimos meses contratamos também um jovem pianista que já se apresentou na Sala São Paulo e que toca em ceremônias de casamentos, e até em igrejas, para tocar para nós uma vez por semana, em momentos íntimos muito agradáveis.

Consideramos como arte, a escolha das atividades não somente no trabalho nas empresas, mas também ministrando aulas para jovens alunos da USP, que representavam a esperança de um país melhor, e para executivos já formados, e de muito bom nível, em cursos da FIA de pós-graduação. Apreciamos nas viagens visitar museus, e percorrer lugares desconhecidos enriquecendo as experiências e aprendendo, em especial no interior da França e da Alemanha, também no inverno e apreciando a neve.

Sobre aprendizagem, estamos sempre dispostos para receber, mesmo que sabemos que com as grandes mudanças tecnológicas acontecendo, acabamos ignorantes em alguns aspectos relacionados ao uso do telefone celular e aos novos aplicativos, e nas comunicações pelas redes sociais. Também sentimos as mudanças entre as novas gerações, tanto no estilo de vida, como nas escolhas de motivações e interesses.

Arte na saúde

É um tema que associo à imagem do meu pai, que viveu 102 anos em perfeita sintonia com a vida. A minha mãe gostava de consultar médicos, tinha diversos problemas de saúde, e faleceu com 70 anos de idade. Meu pai, por sua vez, não gostava de ir ao médico. e evitou isso durante os últimos cinquenta anos de sua vida. Ele se tratava com remédios caseiros e se cuidava. Se observava e reagia se tratando comendo, ou deixando de comer, escolhendo comer o que gostava e recusando o que não lhe apetecia. Hoje vemos na família pessoas veganas, pessoas parcialmente vegetarianas, pessoas que se alimentam cientificamente, pessoas que não comem com glutem e lactose e nos perguntamos qual será o resultado final de todos os métodos da atualidade. Meu pai comia de tudo, gostava de comer com sal e usava açúcar, também em pedaços quadrados que derretia tomando chá. Nunca mediu a pressão, nem fez exames de sangue, e considero que fez tudo isso com arte. Gostava de comer fígado de galinha, picado com ovo e cebola, e tomava o seu licorzinho. Nunca fez ginástica nem musculação, e quando caia raramente, se tratava friccionando álcool onde tinha dor. Apesar de não fazer ginástica, gostava consertar coisas e tinha habilidade com madeira, e construiu bancos e até uma escada para colocar na piscina.

Em nosso terreno têm uma área bem íngreme, onde nunca vou. Ele descia e subia essa área, indo buscar frutas, para fabricar licor que oferecia a visitantes.

Acreditamos que não exista uma fórmula mágica para preservar a saúde, e que vários caminhos são possíveis de trilhar, mas o caso do meu pai foi um exemplo de arte na saúde, sem médico, sem remédios, e comendo de tudo que lhe apetecia. Sem dúvida são novos tempos. Os estilos de vida são muito diferentes daquelas a que estávamos acostumados, e aceitamos esta mudança como bem-vinda, e desejamos que contribuam para tornar a vida muito feliz e duradoura

Arte na velhice

Sobre o tema da arte na velhice, existe bastante para escrever, porque estamos profundamente nessa fase, já de forma avançada.

Estávamos no período entre o ano novo e o dia do perdão, que é um período de meditação e reflexão sobre o que fizemos e sobre o que ainda gostaríamos fazer.

Já com certa idade, talvez a partir dos 70 anos, ou pode ser também mais tarde, passamos a perceber que estivemos muito atarefados, e sem tempo para nos dedicar ao que teríamos gostado

O gosto pela música se iniciou na adolescência, no movimento de escoteiros, e permaneceu durante a vida toda. Não pretendemos ser especialistas ou musicólogos como Kurt Phalem, e muitos outros que estudaram sobre a música, sobre compositores e escreveram sobre o tema da música.  Desejamos tão somente apreciar. Durante toda a vida tivemos esse prazer e no dia de nossas bodas de ouro tocamos a música “Gracias a la Vida”, agradecendo pelos muitos anos de grande satisfação, pela linda e harmoniosa família que construímos.

Refletimos sobre tudo isso, e também lembramos meu pai que imigrou da Rússia na década de 1920 sob o regime instalado no país da ditadura do proletariado.

Nesta faze, depois dos 90, naturalmente tivemos novidades por aqui. São próprias da idade e precisamos conviver com elas, mas que muito tem me preocupado, e até me provocou um período de depressão, pela mudança no nosso convívio diário, e de companheirismo.

Foi uma provocação para ter que superar esta fase, e me reposicionar para conseguir estar bem, e continuar tratando nossas vidas, após estas mudanças. Assim voltei a ir para o escritório assim que possível, passei a fazer musculação em complemento a minha ginástica, que pratico três vezes por semana, e estou novamente voltando a escrever, o que me dá satisfação.

Acredito ter superado o desânimo provocado pelos problemas que surgiram. Completamos recentemente 68 anos de casados, e estarei enfrentando o tempo que me resta lendo, escrevendo, tentando aprender na leitura do Alcorão, e continuando no próximo ano com as sessões da OSESP na sala São Paulo.

Recentemente tivemos o grande prazer de assistir a famosa pianista Eudoxia de Barros, que tem 86 anos, a um concerto brilhante, num ambiente muito especial na montanha, e rodeado de flores.

Manterei contato com meu genro Saad, tentando ir um pouco mais na empresa dele e da Elizabeth, para troca de ideias sobre os negócios, também estou investindo em melhorias gradativas na minha casa para combater a entropia natural que se instala, onde estamos morando 50 anos, inspirado por uns novos vizinhos, que de um lado fizeram uma reforma grande e modernizaram, e do outro lado com uma nova vizinha que está fazendo uma casa muito grande, que deve ter uns 1500 metros de área construída, e toda murada. Fazer estas gradativas e contínuas melhorias me diverte e ocupa, na intenção de deixar uma casa melhorada.

O próximo melhoramento em andamento, é a instalação de um sistema fotovoltaico de aquecimento com anuência da Enel.  

Gostaria mencionar um livro que li recentemente de um Frade Beneditino alemão chamado Anselm Grun, e cujo título é “A Sublime Arte de Envelhecer” e tentarei colocar alguns ensinamentos dele. Começo citando Martim Buber, que diz: “Envelhecer é algo magnifico quando não se desaprendeu o que é começar”.

Existem na nossa idade três aspectos com os quais devemos lidar na faze da velhice:

1-Reconciliar com o passado, tolerar o sofrimento aprendendo com ele e adotando postura positiva e feliz.

Frente ao sofrimento pode surgir o desânimo, que deve ser combativo como forma de aceitação e aprendizagem.

2-Aceitar os próprios limites (a Dra Gudrun já dizia isto) que são característicos da idade avançada. Todo tipo de limite nos é imposto quando atingimos idade avançada, e precisamos aceitar, tentar combater, mas nos adaptar às limitações buscando formas de compensação e

3-Aprender a lidar com a solidão pois ficar só tem a sua vantagem  

Se tem um aspecto desagradável na velhice, é a perda de amigos, que nos deixaram gradativamente. A perda das amizades, e de um sócio de 35 anos juntos é dolorosa, mas as recordações servem para compensar, e a meditação, e o tempo livre, permite superar momentos de fraqueza.

Hermann Hesse dizia que aceitar a solidão é o caminho para a sabedoria.

Arthur Schopenhauer esforçar-se por aprender a suportar a solidão é uma fonte de felicidade e de serenidade.

Aceitar a existência, precisa ter como fundamento também a existência de um sentido renovado para vida. O pensar o que ainda gostaríamos fazer, no tempo que nos queda, leva a confirmar a ideia de tentar contribuir, principalmente transmitindo, se despojando de tudo que possuímos de conhecimento e experiência. Também recordar o passado, e permanecer aberto para novas aprendizagens.

Outra atividade e contemplar o novo mundo e admirar a evolução que teve a China e que acredito terá papel importante no equilíbrio de forças entre extremos no mundo. A minha filha Elizabeth me perguntou: como foi possível a China decolar, com um regime totalitário. A realidade e que a China se abriu para o mundo econômico mantendo uma direção centralizada no partido comunista, mas esse período de abertura está sendo parcialmente reduzido ultimamente.

Além de aceitar os limites, e viver bem na solidão, também aproveitar para apreciar a natureza e as transformações que ocorrem.

Na velhice somos obrigados a abandonar participação por não poder acompanhar, abandonar os alunos da faculdade, abandonar o trabalho de muitos anos nas empresas, e abandonar os amigos que se foram, e nos deixaram e que nos acompanharam, durante muitos anos.

Envelhecer junto a Eva com as novas limitações impostas pelos anos.

A seguir menciono algumas virtudes da velhice, desde que cultivadas, segundo Anselm Grun e são elas: Serenidade (tranquilidade), Paciência (suportar) sofrendo por causa de outra pessoa, mas mesmo assim ficar firme ao seu lado e aceitar como é atualmente, Mansidão que deve ser também cultivada, liberdade de usar o tempo como quiser, gratidão pelo que a vida lhe ofereceu e amor ao próximo, respeitando e apoiando sempre que possível.

A grande meta do envelhecimento, segundo Ansel Grun, e que nos tornemos sábios e bondosos conosco e com os outros.   

Luis Gaj

Contribuições recebidas sobre o Ensaio de N* 05:
ARTE NA VIDA, NA SAÚDE E NA VELHICE

J F SAPORITO:

Querido Luis,

Quando você fala em arte, me vem à lembrança a vida de Hélio que sempre teve presente o respeito à arte.  Ouvia música clássica em todos os momentos possíveis e amava relembrar os momentos com seu tio Brecheret que fez parte muito importante de sua infância!  De fato, essa noção dá a importância que isso tem para nós que ainda estamos por aqui! Nos últimos anos de sua vida pintou vários quadros que guardo com muito carinho e que enfeitam nossa casa em Ubatuba!

Queridos ex vizinhos, sempre lembro de vocês e fico muito feliz por saber que estão bem!

Vamos em frente, sempre com coragem e alegria

para o que der e vier!

Beijos para você e para Eva, com muito carinho!

J F SAPORITO:

Falar de arte é algo muito subjetivo, cuja apreciação e aprovação de uma mesma obra, pode variar em 180 graus de pessoa para pessoa, dependendo das suas vivências no meio cultural, sociabilidade, oportunidades educacionais, pais de origem, condição econômica e até mesmo influências absorvidas na própria família principalmente durante a infância e juventude.

Aqui no Brasil existe um dito popular que diz que “vinho bom e aquele que eu gosto”. Nesse enunciado não existe nenhuma relação entre o preço e a qualidade do vinho, mas sim se determinada pessoa por algum motivo subliminar aprecia a bebida em discussão.

Penso que guardadas as devidas proporções pode-se dizer o mesmo quando se trata de considerar avaliações pessoais sobre determinadas obras de arte. Contatos frequentes com obras de arte produzidos por músicos, pintores, escultores e escritores de excelência, levam o interessado a um estágio de grande satisfação pessoal pela oportunidade daquele momento especial, acabando por constituir-se em uma habitualidade, um hobby, a ser praticado durante toda a vida. Viver em contato com eventos de arte em qualquer uma das suas manifestações, ativa a dopamina dando a sensação de felicidade a todos aqueles que vivenciam essa experiência.

A Arte nas suas diferentes formas de manifestação é tão ampla que me atenho a falar apenas de música brasileira e de alguns dos muitos personagens que através da arte na música, trouxeram alegria e entretenimento ao povo nas mais diferentes camadas socioeconômicas.

Penso que a música é a mais importante das artes. Trata-se da única linguagem universal, pois todo músico conhece as 7 notas e pode ler uma partitura sem intérprete. Pode compartilhar a execução da obra com o público, executando seu instrumento sozinho ou com outros músicos sem que ninguém dos participantes da apresentação tenha problemas de entender o que foi escrito pelo compositor na partitura da peça.

Em nosso país os jesuítas trouxeram o costume das músicas sacras e barroca. A chegada do povo africano influenciou a música popular para os mais diversos ritmos, sobressaindo-se o samba e o choro. Em 1916 foi composto o primeiro samba brasileiro. O autor foi Donga e o nome da música Pelo telefone. A partir desse embrião surgiram importantes compositores de música popular podendo ser citados como exemplo Pixinguinha que estudou música, e Noel Rosa que nunca estudou. Foram geniais nas canções que criarão nas décadas de 30 e 40. Eles ocuparam as mentes e corações de milhares de pessoas ao comporem canções antológicas como Carinhoso, Rosa, Conversa de Botequim e Com que Roupa, entre centenas. Os contemporâneos como, Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Tom Jobim produziram peças de grande valor artístico. O que falar de Cartola e Nelson Cavaquinho criadores de melodias e letras que retratam e eternizam com absoluta fidelidade o povo e o cotidiano do brasileiro. Todos eles, verdadeiramente fizeram arte adequada para as necessidades e padrão de cultura do povo da sua época.

Na região nordeste faz parte da tradição local, as festas de cultura e arte popular conhecidas como Bumba meu Boi, os Bonecos Gigantes e Festa de São Joao. No Rio de Janeiro e em outras capitais, o carnaval com seus sambas enredos contando nas letras e carros alegóricos as diferentes histórias de personagens e do cotidiano brasileiro. São nessas festas que a música traz leveza e descontração no dia a dia dos menos favorecidos, contribuindo para momentos de maior felicidade.

A influência da imigração europeia no Brasil foi também determinante para influenciar o gosto musical da época e o surgimento de compositores como o maestro Francisco Mignone autor de peças magnificas. Também podemos citar o maestro Camargo Guarnieri e a maestrina Chiquinha Gonzaga autora de importantes músicas como Corta Jaca, O Abre Alas, Atraente e Lua Branca, sendo a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. Sua obra conta com peças para piano e canto.

A música popular brasileira é reconhecida aqui e no exterior, como de grande qualidade artística, apresentando diversidade de ritmos e sons tal qual as diversidades que se apresentam nas diferentes regiões do país.

No campo da música clássica que atinge um pequeno grupo econômico/social, sempre tivemos músicos com aprovação internacional como os pianistas João Carlos Martins, Nelson Freire, Arthur Moreira Lima e a grande dama do piano Sra. Guiomar Novaes. O maestro Heitor Vila-Lobos é referência mundial como compositor clássico contemporâneo. No final de 2022, o brasileiro Guido Sant’ Anna de apenas 17 anos ganhou em Viena o concurso internacional Fritz Kreisler de melhor violinista do mundo. Impossível não se emocionar ouvindo o violão do gaúcho Yamandu Costa que toca não só músicas populares brasileiras, mas também como solista de importantes orquestras europeias.

Falando de ópera, mesmo sem ter uma tradição importante, o maestro Carlos Gomes espelhou-se na influência italiana para produzir magnificas peças com motivos brasileiros como Guarany, Lo Schiavo, Fosca. Não podemos esquecer que Bidu Sayao descoberta pelo maestro Toscanini foi reconhecida como uma soprano notável, cantando nas melhores casas de opera da Europa e Estados Unidos.

Esses ilustres brasileiros entre outros, fizeram arte da melhor qualidade em se tratando de música e com certeza participaram da vida de muitas pessoas não só através de presença em concertos ao vivo, como através de gravações em discos disponíveis na época para depois serem reproduzidos nas rádios.

O que quero transmitir é que a música como arte integra a vida das pessoas, em todas as fases da vida, independente do estilo e do gosto individual de cada um. Ela costuma nos trazer boas recordações de vivências e momentos importantes das nossas histórias de vida. Ela traz leveza, melhora o humor e contribui para o nosso bem-estar físico e espiritual.

Hoje em dia está provado que a música levada aos hospitais como instrumento de saúde serve como terapia de grande valor e resultado para pessoas em estágio de recuperação ou no enfretamento de situações difíceis. Também é bastante difundido como a música clássica faz bem para as crianças recém-nascidas e muitas vezes ainda no útero das mães.

Música sempre música, não importa se o interessado está nas mais importantes salas de concertos, se está em um botequim ouvindo uma roda de choro ou se está em casa ouvindo suas músicas preferidas. É incrível como é possível compor centenas de milhares de diferentes estilos de músicas usando apenas o DO RE MI FA SOL LA SI.

J.F.SAPORITO

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