RESENHA DE UM LIVRO

Ensaio Nº 10

(Ampliando o horizonte)

Caros leitores, seguramente vão estranhar eu sair dos temas normais que tenho abordado, para me dedicar a resenhar um livro, que me impressionou, e com cujo autor me identifico.

Pretendo fazer isto, tão somente interpretando e até aceitando o desafio de mobilização que aparece no final do livro com o título de Manifesto.

Trata-se do livro “O Despertar do Universo Consciente” de Marcelo Gleiser,

Este livro, somente poderia ser escrito por alguém profundo conhecedor de astronomia e de física, pois começa analisando a história do universo, e levantando dados sobre a criação, e nos explicando sobre a imensidade dos sistemas que podem existir, semelhantes ao sistema solar, das galáxias, das estrelas e até pesquisando sobre a possibilidade de vida fora da terra.

Ele constata, pelas análises cientificas e explorações já realizada, que no limitado espaço do sistema solar e dos demais planetas que circundam o sol, não tem sido possível detectar existência de vida, fora da terra.

Quando se refere ás estrelas, com planetas, menciona bilhões de possibilidades e talvez trilhões de planetas, distantes e inacessíveis pela distância, com os recursos limitados de que o nosso mundo possui, e desta forma, e apesar da enorme possibilidade de vida em outras galáxias, fica hoje impossível comprovar existência, devido às limitações, do que nos é possível saber.

Trata da busca do significado, e da existência de vida, em outros planetas na pluralidade dos mundos que podem existir, e nossa inquietação para querer saber, e o que nos torna relevantes.

No livro menciona que a vida, e o universo, possuem uma história, porque nós humanos, estamos aqui para contá-la.

A origem cósmica teria acontecido 13,8 bilhões de anos atrás, e a vida teria surgido na terra, em torno de 3,5 bilhões de anos atrás, da forma descrita por Darwin na evolução das espécies. O Homo Sapiens teria surgido uns 300 mil anos atrás.

O homem primitivo reverenciava a terra e muitos deuses relacionados com a natureza

Apesar do autor até sugerir pular na leitura os trechos mais técnicos, li cada detalhe tentando entender, especialmente a mensagem contida em cada parte.

Desde a época em que se pensava que a terra era o centro de universo e depois se provou que era tão somente uma pequena partícula na imensidão do universo, e que era ela que girava em torno do sol.

A leitura do livro tem o poder de atrair o leitor de forma a não querer parar de ler pela riqueza de detalhes e informação que traz. Uma das abordagens se refere à forma que nós seres humanos temos tratado a nosso planeta brilhante de vida, e por enquanto único com vida comprovada, e achando que somos donos da terra, sem respeitar a diversidade, poluindo e destruindo floretas para aumentar a produção de alimentos, e na busca desenfreada por eficiência e rentabilidade. Tendo quadruplicado o número de habitantes de 2 para 8 bilhões nos últimos 100 anos, e se tratando de recursos abundantes, mas finitos, estaríamos exaurindo os recursos, e nos dirigindo a uma tendência preocupante de destruição.

Mas o livro se volta fortemente a observação das estrelas, e dos muitos sistemas planetários que existem no universo, e também a imensidade de possibilidades de existências, provavelmente diversas a nossa, mas enfim com lugares que oferecem condições propicias, para o surgimento de vida, mesmo a distancias inalcançáveis, para nós humanos.

Sobre a origem da vida, menciona a evolução desde o surgimento das espécies unicelulares, até os seres primitivos, em espaço de tempo de milhões de anos até o surgir da vida como é hoje.

Fala da importância sagrada da vida, mesmo quando hoje vemos movimentos terroristas, para os quais a vida não tem significado, e até prometem uma vida pós morte, em paraísos idealizados. O ataque a um evento na Rússia em que mais de 130 pessoas foram mortas e grande número ferido, atribuído a jihad islâmica e mais um evento que se soma aos muitos atos terroristas praticados pelo mundo.

Na procura por vida em outros mundos, se aprofunda nos mistérios da vida, e também no desconhecido do universo, nos mostrando que apesar do muito que se sabe, ainda nossa capacidade para desvendar os secretos do universo se encontra limitada.

Cabe mencionar que anos atrás, a então diretora de Harvard Rosabeth Moss Kanter, nos alertava sobre a nossa diminuta presença no mundo, quando comparamos com o tamanho do universo.

Voltando ao planeta terra, único com vida por enquanto, e único para contar sobre o universo, porque nos humanos, temos essa capacidade, alerta sobre a forma despreocupada com que nós temos apropriado da terra, e dos seus produtos minerais, de florestas, e dos seres vivos em especial dos animais cujo nome deriva de anima, ou seja, seres animados.

A concentração cada vez maior da população da terra nas cidades, e em especial nas megalópoles, como São Paulo, nos afasta da capacidade de conviver com a natureza, e voltar aprender a respeitá-la, como faziam os povos indígenas, para os quais a terra era sagrada.

Marcelo têm a esperança, de que os seres humanos podem ser mais do que são, abandonar o individualismo, e crescer como humanidade, na busca de evitar a colisão em que estamos navegando.

Deixando o livro de lado, e olhando para o mundo da atualidade com seus conflitos, com as democracias perdendo lugar para regimes mais extremistas, não podemos deixar de ser um pouco céticos. A urgência da mudança provavelmente não será tão somente volitiva, mas premiada pelas catástrofes, pela destruição com consequências como novas doenças e pela percepção da necessidade de mudarmos de forma de pensar, e de encarar a vida no planeta, valorizando a vida, apesar dos extremistas e pregando deixar um mundo se não melhor, pelo menos seguro para as futuras gerações.

Mas é como nos dois últimos movimentos da Sinfonia Novo Mundo de Dvojak, que neles surge todo o esplendor da música, e de suas melodias harmoniosas e vibrantes, Marcelo Gleiser, deixa para os últimos capítulos do livro, para nos dizer qual era o seu verdadeiro propósito de nos chamar atenção, para onde estamos indo, se continuarmos agindo como donos absolutos da terra, poluindo rios e atmosfera, promovendo o aquecimento das calotas polares, derrubando florestas para aproveitar espaços para atividades lucrativas, e tendo tudo isto como consequência desastres com tempestades de intensidade nunca vista, surgimento de doenças como , o covid-19, o dengue, e várias formas de influência, reagindo desta forma e de cada vez maior intensidade antes que seja tarde demais para corrigir o rumo das ações do homem, nas entranhas e na superfície da terra, antes que seja tarde.

Mas dramatizar sobre o que pode acontecer, no futuro se continuamos achando que somos absolutos donos, e que podemos continuar no caminho atual. fica difícil de ser aceito, e as pessoas se mostram indiferentes porque as mudanças são lentas, e pouco perceptíveis, e porque mudar demanda sacrifícios como deixar de ganhar mais. Não será fácil a mudança de atitude, apesar de sua urgência.

A atual mentalidade para o presente, para o lucro rápido, para o prazer imediato e para ter, para ser, precisa ser substituída por uma mentalidade com imperativo moral para a sociedade

Inspirado no antigo Manifesto Comunista de 1848, escrito por Marx e Engels, em que eram proclamados os proletariados para se debelar contra a existência de classes sociais, para combater o capitalismo que gera desigualdades, exploração e alienação, chamando a união do proletariado para derrubar o sistema capitalista e implantar uma sociedade sem classes e por fim acabando com a propriedade privada e a socialização dos bens de produção, buscando a distribuição equitativa dos bens. Marcelo não apoia este manifesto, que na prática se mostrou gerando ditaduras sanguinárias como a soviética, mas prega a união em torno da ideia de passarmos a agir com responsabilidade social, respeitando a natureza, evitando poluir, parando de sangrar as florestas derrubando arvores, e passando a ter uma atitude de respeito e até de plantio, de reflorestamento, de conservação. Isto tudo associado à ideia de que o capitalismo desenfreado, e a busca de lucro a todo custo, gera os estragos que devemos evitar. Existe já nos últimos anos um movimento de mobilização de número crescente de empresas, empenhadas na conservação da natureza. Com relação ao lucro, me permito comentar ser necessário, até para poder evitar a poluição, até para melhorar as condições de trabalho, e a melhora dos salários dos trabalhadores. Regimes chamados de esquerda, que combatem o lucro e as iniciativas privadas, terminam gerando fuga de capitais, como tem acontecido no passado na Argentina, com o consequente empobrecimento da população

O Manifesto do livro O Despertar do Universo Consciente, é um manifesto que nos conclama a formar uma cadeira de pessoas, mobilizadas na conservação, na preservação e no cuidado com o nosso planeta brilhante, único por enquanto possui vida, e capacidade de escrever a história por nos humanos, estamos aqui e podemos fazê-lo.

Marchamos hoje resolutos em direção da autodestruição, seja por interesses políticos ou econômicos.

Fizemos um planeta doente e isso não pode sustentar uma vida saudável. Sugere a sacralização da terra e uma nova consciência planetária. A Astronomia nos ajuda a entender que o nosso planeta e sua diversidade biológica, merecem o nosso respeito e admiração, não como donos.

Isto exige sermos menos materialistas e nos completar espiritualmente trocando beneficiar o bolso, por agir com o coração

Para isso utiliza a palavra biocentrismo, e a revalorização do que possuímos e do que a terra nos proporciona, de forma ampla, mas limitada, e este limite precisa ser respeitado. Nos identificar como membros da biosfera ou pertencer ou “Interser”.

Somos parte, e não donos da vida, e a intenção e de inspirar uma nova atitude, evitando o que tem ocorrido de perda da diversidade por invasão nos habitats naturais, destruição de florestas, poluição dos rios e mares e caça predatória.

Ele, que tem participado dessas ideias, está fazendo o seu papel de divulgá-las e de promover os seus livros.

Na realidade, não estou satisfeito por ter feito esta resenha. Na leitura do livro, nos identificamos com as suas ideias, e com a necessidade do planeta se mobilizar para que a vida na terra seja continuada, e pela responsabilidade que temos de deixar um planeta em condições para as futuras gerações.

Não estou satisfeito porque apesar da intenção, não é possível igualar o sequer resumir o que foi escrito.

A recomendação é para aqueles que tiverem interesse, ler o livro e apreciar por inteiro.

A nossa pequenez percebida, nos obriga a ser humildes, num universo infinito, e a ser responsáveis conosco mesmos, nos respeitando e respeitando o planeta em que habitamos.

Prega o despertar espiritual da humanidade e uma orientação para engajamento do corpo e da mente com a terra.

Defende a raridade da vida na terra, olhando para o universo.

Luis Gaj

Temas abordados passiveis de contribuições:
Sobre a vida no universo
Ecologia
Ecossistema
Mentalidade
Manifesto

Contribuições recebidas sobre o ensaio N* 10.
Resenha de um livro.

Miriam Menossi:

Parabéns,  Luis pela excelente resenha do livro de Marcelo Gleiser. Nem preciso ler, pois você nos apresentou a essência do livro.

É magnífica a ideia do Manifesto proposta no “O Despertar do Universo Consciente”.
Como você, eu também vejo um movimento se formando, muito lentamente, mas em marcha, como uma pedrinha atirada no rio formando ondas que vão aumentando.
Que cada um de nós tenha consciência de colaborar em tudo que for possível para salvar o Planeta da destruição total.
Façamos a nossa parte.

VIVA O MANIFESTO!!!

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