SOBRE FELICIDADE

Working Paper Nº03

Utilizamos muito frequentemente esta palavra para desejar coisas boas para alguém que gostamos. Também para agradecerem diversas ocasiões, pelas oportunidades que a vida nos oferece, como uma forma de manifestar felicidade.

A usamos por ocasião de aniversários, casamentos, batizados, bar mitzvás, e em muitas outras ocasiões. Mas a pergunta não respondida claramente é o que significa realmente? e também como atingir esse estado de felicidade?

Existe Felicidade? e o que provoca esse estado tão desejado? são outros questionamentos pertinentes

Para iniciar nosso pensamento sobre o tema da felicidade, vamos meditar no que provoca o sentido contrário, ou gerainfelicidade. Preocupações não resolvidas, problemas difíceis, situações angustiosas e questões não administradas ou não controladas e que escapam a nossa capacidade de solução.

Com relação as preocupações não resolvidas Buda menciona que, quando um problema tem solução, não temos motivo para ficar preocupados ou deixar de ser felizes, porque ele será resolvido, e devemos focar em sua solução, e quando o problema não tem solução, então podemos ficar tranquilos porque ninguém conseguira resolvê-lo e podemos esquecer dele, evitando que seja perturbador. Problemas difíceis exigem paciência e tempo, sendo preciso esperar momento oportuno para resolver e situações angustiantes as vezes exigem buscar ajuda de terceiros, evitando que sozinhos a enfrentemos.

Assim vamos pensar na felicidade como momentos de plena satisfação atingida pelo equilíbrio entre elementos que compõem a nossa existência. Por exemplo equilíbrio entre trabalho e descanso, entre família e estudo, entre diversão e amizades, entre diferentes atividades de lazer, entre leitura e conversação e também equilíbrio entre falar e ouvir. A meditação pode ser importante para se obter esse equilíbrio necessário quando a tendência ao stress e a fadiga se instalam.

Sentimos felicidade quando obtemos sucesso, nos encontros com amigos, nos relacionamentos harmoniosos com a família.

Uma questão frequente durante a existência e surgimento de conflitos e quando conseguimos administrá-los, isso nos deixa felizes. Não resolvidos exigem iniciativa de uma das partes com credibilidade para atuar e contribuir para voltar ao estado de relacionamento tranquilo. Ocorrem frequentemente nas famílias e também nas empresas, entre pessoas ou até entre departamentos, sendo prejudiciais ao bom desempenho, ou ao bom relacionamento.

Atingir equilíbrio na vida não é uma tarefa simples, exige nos organizar para buscar esse estado e não ser conduzidos por caminhos indesejados, exige uma certa disciplina e força de vontade no cumprimento de nossos vários papeis, como professores, como alunos, como trabalhadores, como pais, como avos, como amigos, como esportistas, como casais, e até como serem humanos nos relacionamentos com o mundo exterior.

Atingido o equilíbrio atingiremos felicidade, um estado composto por momentos as vezes rápidos e passageiros.

Devemos ter cuidado e não confundir felicidade com dinheiro ou com bens materiais. A sensação de sucesso por sua parte, sim, gera felicidade, e não necessariamente relacionada a ganho material. Encontramos muitas vezes pessoas humildes que vivem felizes e contentes mesmo com poucos recursos.

As posses de bens ou dinheiro permitem obter conforto, mas não garantem a felicidade

Outra forma de encontrar a felicidade e quando cumprimos objetivos que estabelecemos. Por exemplo, alguém se propor ajudar a oferecer maior conforto a quem precisa e terminado seu propósito ou projeto, ficar feliz pela realização.

Outra importante forma de atingir a felicidade e quando nos empenhamos em ajudar terceiros, mesmo sendo familiares.

Um irmão com dificuldades num certo momento da vida, precisando auxílio e ajudando, pode nos deixar satisfeitos e felizes.

Também podemos sentir felicidade por acolher um ascendente idoso com saúde na nossa casa, evitando encaminhá-lo para um asilo quando ficou viúvo.

Também sentimos felicidades por ter conhecido e convivido quarenta nãos com queridos amigos que aos poucos foram nos deixando já com idade avançada.

O mesmo acontece quando nos envolvemos num projeto beneficente. Poder participar do projeto beneficente numa ONG e motivo de felicidade.

Sentimos felicidade quando recebemos mensagens de reconhecimento de amigos que leram nosso livro e gostaram.

Um grande motivo de felicidade e ainda na juventude ter conseguido encontrar uma companheira compreensiva e tolerante que tem sido a minha esposa nos últimos 66 anos de casados e que tem sido parte importante na construção da nossa família.

Ainda e sem dúvida encontramos a felicidade por ter construído uma família motivo de orgulho. Também por ter previsto as necessidades na terceira idade e desta forma ter criado um patrimônio que permite nossa sustentabilidade, sem luxo e também sem dependência.

Outro motivo de felicidade e ter escrito livros sobre o tema de minha especialização na USP no doutorado, ter dado aulas com muito prazer durante vinte e cinco anos e ter escrito dois livros sobre a vida, um no ano 2001 e o último em 2021, este servindo como legado para os netos. 

Uma neta sentiu felicidade ao pegar uma cabra no colo e nosso genro tenho certeza se sentiu feliz quando depois de certo tempo constatou que tenha conseguido obter um abacaxi na floreira de seu apartamento.

Pequenas observações da natureza, como observar atentamente o florescimento dos Ipês amarelos na região ou observar as azaleias em flor no jardim são motivo de felicidade.

Ser reconhecido e recompensado e estar contento consigo mesmo e uma forma de felicidade.

Como vemos encontrar felicidade não é uma tarefa difícil. Ela e uma somatória de pequenos momentos que nos permitem na hora que paramos para pensar, avaliar que a nossa vida foi de realizações, de satisfações, de alegrias, portanto, que fomos felizes e tivemos uma vida plena.

Acredito que depois de ter lido o livro de Buda o estado de felicidade permanente só existe como desejo, e talvez atingido por monges que vivem meditando e buscando a superação espiritual.

Também acredito que para nós, simples mortais, momentos de felicidade são estados mentais que nos deixam satisfeitos com nossas realizações e seriam a forma de atingir uma vida de felicidades. 

Outra forma de atingir felicidade e contribuir para a luta pelos direitos humanos, que trata do respeito a todos os seres humanos, sem distinção de sexo, religião ou cor.

Pensando nas prioridades numa visão que podemos chamar de visão Helicóptero, o principal objetivo da vida seria ser feliz.

Praticar altruísmo, se preocupar com o bem-estar dos outros, sentimentos de compaixão, fraternidade, amor e carinho, que são os sentimentos com que naturalmente nascemos, praticados de forma sempre que possível, contribuem para gerar a satisfação que gera felicidade.

No working paper anterior tratamos da insatisfação e pode aparentemente ser uma contradição para obter felicidade, mas não é, se entendemos que insatisfação é apenas o estimulante para nos motivar a transformar insatisfação em realizações que nos proporcionaram felicidade após executadas.

Felicidade é um estado mental que avalia nossas realizações, nossa conduta durante a vida, como uma espécie de balanço periódico com momentos melhores ou piores, numa forma de julgamento de condutas, de ações e que como somatória e talvez com ajuda de espaço para meditação julguem o maior ou menor grado de felicidade em que nos encontramos.

Tive a felicidade de não participar de nenhuma guerra e mesmo que Eva sofreou as perseguições na Alemanha durante criança não ficou com ódio ou trauma por esse período.

Sem dúvida, o ódio, a inveja, a raiva, são sentimentos negativos que não contribuem para se obter a felicidade.

Não pretendemos que seja a felicidade um sentimento permanente, mas sim um resultado de uma vida pensada e avaliada, com sentimento do dever cumprido. 

As vezes procuramos a felicidade longe, em outros lugares menos conhecidos, quando a felicidade se encontra perto de nós e até do nosso lado. Tarde demais descobriremos isso.

Agradecemos a vida por ter nos oferecido tantas oportunidades e realizações, sem isso não teria sido possível manter a nossa presença com leitores neste papo, através destes pensamentos expressos e escritos.

Como no working paper anterior, contribuições adicionais serão bem recebidas, assim como comentários a respeito do tema.

Contribuições recebidas sobre o Working Paper Nº03

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